sábado, 16 de março de 2024

Hughes OH-6 Cayuse (Loach), o melhor helicóptero ligeiro de combate? [M2477 – 22/2024] - Parte II

 “That’s a damn Minigun!”, Los Angeles, USA, 1995 - (Episódio 2) 

As tripulações de reconhecimento dos “Loach” eram compostas por três homens; piloto, observador e, na traseira, o artilheiro (geralmente no lado direito).  O artilheiro, na prática, passava mais tempo fora do helicóptero do que dentro, com um pé (ou dois!) no patim á procura do inimigo ou a disparar a sua arma.  Outra opção, que ficava ao critério das tripulações ou da unidade, era o transporte do sistema M27, a famosa Minigun, na cabine no lado esquerdo.  Esta opção substituía o artilheiro mas não era consensual; muitos pilotos preferiam confiar no par de olhos extra do artilheiro e, no caso de uma aterrarem de emergência, três homens sempre eram melhores do que apenas dois para defender o perímetro - enquanto aguardavam o resgate.  Caso a Minigun fosse transportada o observador acumulava as funções do artilheiro.  

O sistema M27 envolvia vários componentes; a General Electric M134 de seis canos de calibre 7,62x51mm, o motor eléctrico, o essencial (e muitas vezes esquecido) delinker e a caixa de munição (2000 cartuchos no caso do “Loach”).  Tudo somado; 140kg, daí a necessidade de suprimir o artilheiro – até porque ficava quase sem espaço.  Mas, caso pensem em usar uma Minigun “á la Schwarzenegger”, não se esqueçam de adicionar a pesada bateria.  Outras particularidades; ao contrário de uma arma convencional, como a metralhadora M60 ou espingarda M16 ou AKM, que utilizam de uma forma ou outra os gases e/ou o recuo do disparo para completar o ciclo e alimentar o cartucho seguinte, a Minigun é eléctrica.  È o motor eléctrico que acciona todo o mecanismo, por isso, sem energia, nada feito.  Mas também significa que é possível ajustar a cadência de disparo com relativa facilidade – é apenas uma questão de alterar a potência do motor.  No “Loach” o piloto podia optar por duas cadências; ao pressionar o botão do gatilho até ao primeiro estágio a arma disparava a 2000 disparos por minuto mas se pressionasse totalmente o gatilho a cadência dobrava para 4000.  Mas para poupar a arma e evitar sobreaquecimento o sistema só permitia rajadas de 3 segundos por cada pressão no gatilho.  Existia uma mira no cockpit do “Loach” mas os pilotos preferiam marcar com um lápis directamente no vidro o ponto de impacto – era mais rápido e intuitivo.  O piloto podia movimentar a arma em elevação (+10º a -24º) mas não em azimute; para acompanhar alvos lateralmente era necessário recorrer aos pedais e apontar todo o helicóptero.  


Pode parecer estranho designar como “Minigun” uma arma com tamanho poder de fogo mas é apenas uma questão de perspectiva.  A M134 foi desenvolvida a partir de outro produto extremamente bem sucedido da General Electric; o canhão M61 Vulcan de 20mm, usado por quase todos os caças e caça-bombardeiros da USAF/USN desde os anos 60 até aos dias de hoje.  E quando colocados lado a lado, conforme a imagem, é normal considerar a M134 como uma mini…


James Howard, que serviu no Vietname, lembra algumas das vantagens (e desvantagens) da Minigun;

“Ao aproximar-se de um alvo durante um combate, o piloto dependia de vários factores para se manter vivo.  Claro, dependia das suas habilidades como piloto assim como da habilidade do artilheiro em providenciar fogo supressivo quando necessário e da ajuda e cooperação dos outros helicópteros na formação.  No entanto, alguns pilotos preferiam levar a Minigun em vez do artilheiro.

A arma não só dispunha de um enorme poder destrutivo mas também suscitava um efeito psicológico no piloto; dava-lhe confiança e a impressão de que, quando disparava, ele era indestrutível.  A Minigun fazia um belíssimo rugido e cuspia uma linda labareda de 30cm de largura e um metro de comprimento.  Claro que a pontaria do piloto era limitada mas a disparar 80 balas de 7,62mm por segundo o mais certo era atingir qualquer coisa.  E na mente do piloto, este poder de fogo obrigava o NVA (Exército do Povo do Vietname) e os “gooks” (termo derrogatório histórico atribuído a todos os elementos do vietcong - e não só) a esconderem-se e a não dispararem em retorno.  Outro efeito era de que quando a Minigun disparava, o piloto não conseguia ouvir mais nada (nem os disparos da artilharia anti-aérea inimiga) dando-lhe a (falsa) sensação de que estava totalmente seguro.”


Ainda sobre a lendária habilidade do “Loach” em sobreviver a danos e proteger a tripulação; numa aterragem forçada a estrutura oval da cabine reforçada funcionava como uma bola de bowling a alta velocidade, rompendo por entre árvores e arbustos e resguardando os ocupantes.  Outros componentes, como rotores, cauda e patins facilmente se separavam mas a cabina mantinha-se intacta e não era incomum após um acidente grave (e geralmente letal noutros helicópteros) ver a abalada tripulação sair pelo próprio pé do seu interior.  Na imagem mais acima, vemos um “Loach” do 5th Cavalry, abatido por um RPG que, felizmente, não detonou.  Se repararem, no painel do motor, encostado á cabina, vê-se claramente o buraco de entrada do rocket.  A tripulação sobreviveu.  A outra imagem mostra um “Loach” abatido em Agosto de 1969.  Apesar dos danos graves e de ter perdido muitas peças, o “Ovo Voador” protegeu a “peça” mais importante, a tripulação que, apesar de ferida, sobreviveu.  E provando que os soldados nunca morrem, este “Loach” foi reparado e continuou a servir até 1972.


Texto e seleção de imagens: Icterio
Edição: Pássaro de Ferro

sexta-feira, 15 de março de 2024

ESQUADRA 991 DA FAP EM AVALIAÇÃO TÁTICA [M2476 – 21/2024]

OGASSA OGS 42 da Esquadra 991     Foto: CFMTFA
 
A Esquadra 991 - Harpias, que opera os veículos aéreos não tripulados (VANT) da Força Aérea Portuguesa, estão em avaliação durante o mês de março, no âmbito  da Avaliação Tática das Unidades Aéreas.

Segundo revelou o Centro de Formação Militar e Técnica da Força Aérea - CFMTFA (antiga Base Aérea nº2) na Ota, onde se encontra baseada a Esquadra 991, "este período avaliativo permitirá aferir, com exatidão, o grau de prontidão e a capacidade Operacional desta Esquadra para o cabal cumprimento da Missão que lhe foi superiormente confiada e, simultaneamente, dotá-la das competências necessárias à integral interoperabilidade com os nossos parceiros da Aliança Atlântica".

Durante a avaliação, foi exercitada a projeção de uma das Unidades de Controlo Móvel da aeronave OGASSA OGS 42, que equipa os "Harpias", para teatros de operação "de diferentes níveis de permissividade", tendo para tal sido utilizado o novo avião de transporte multimissão da FAP, o KC-390, em operação na Força Aérea desde outubro de 2023, segundo pode ler-se na partilha do CFMTFA nas redes sociais.


A Unidade Móvel dos Harpias mobilizada através do novo KC-390 da FAP        Fotos: CFMTFA

O CFMTFA sublinha ainda que se demonstrou "a versatilidade e adaptabilidade da doutrina de emprego Tático, Operacional e Estratégico de todos os meios da Força Aérea Portuguesa, para fazer face aos novos desafios gerados pela tipologia de conflitos expectável na terceira década do século XXI". 

De notar que a Esquadra 991, sendo uma unidade operacional, motivou recentemente a reativação do Grupo Operacional 21 (GO21) na Ota, desativado quando a antiga BA2 passou a ser unicamente uma unidade de treino de pessoal. 






quinta-feira, 14 de março de 2024

KOALA COM O EXÉRCITO EM ALCOCHETE EM PREPARAÇÃO PARA ÁFRICA [M2475 – 20/2024]

O AW119 Koala da Esquadra 552 participante no exercício Zeus   Foto: Exército

O Exército Português revelou na rede social Facebook, o treino que está a realizar com o 1º Batalhão de Infantaria Paraquedista, em aprontamento para a 15.ª Força Nacional Destacada (FND) para a Republica-Centro-Africana.

Foto: Exército

Foto: Exército

Atirador Especial de Cobertura helitransportado no Koala dos "Zangões"    Foto: Exército

Tarefas de apoio e tarefas críticas, como reações a emboscadas, bloqueios de itinerário, tiro e evacuação de feridos debaixo de fogo, tiveram o apoio da Força Aérea Portuguesa com a disponibilização de infraestruturas de tiro e de montanhismo, bem como da participação da Esquadra 552 – “Zangões”, através de uma aeronave AW119 Koala.

Segundo pode anda ler-se na partilha do Exército, este exercício permitiu "a realização de um treino conjunto de integração de meios aéreos em apoio à manobra terrestre".

Os helicópteros Koala, não serão contudo destacados na RCA, dado que se trata de uma versão civil e portanto não certificada para operações militares reais. As FND até ao momento, têm por isso sido apoiadas por meios aéreos de países terceiros.




sábado, 9 de março de 2024

Hughes OH-6 Cayuse (Loach), o melhor helicóptero ligeiro de combate? [M2474 – 19/2024] - Parte I

Bien Hoa, Vietname, 1965 (Episódio 1) 

Para qualquer entusiasta da aviação, a guerra no Vietname imediatamente invoca imagens dos versáteis F-4 Phantom, dos impressionantes bombardeiros B-52 Stratofortress ou dos ágeis MiG-21 Fishbed.  Se perguntarem por helicópteros, bem, a resposta é ainda mais fácil; o Bell UH-1 Iroquois (nome que ninguém usava), mas universalmente conhecido como “Huey”, foi “O” helicóptero do Vietname.  Mas como em todos os conflitos, também existiram máquinas que, apesar de não partilharem a mesma fama, partilharam os mesmos perigos e as mesmas tribulações.  Uma dessas máquinas foi o fenomenal Hughes OH-6 Cayuse (nome que também ninguém usava), mais conhecido como “Loach”.  Leve, incrivelmente ágil, potente e robusto, o pequeno helicóptero era venerado pelas tripulações.  A missão de reconhecimento e busca que desempenhavam exigia coragem (ou “loucura”, conforme as opiniões), perícia e uma boa dose de sorte.  E o “Loach” era a máquina certa para o trabalho.  

O OH-6 “Loach” no seu habitat natural.  Muito leve (menos de 500kg vazio e cerca do dobro á descolagem) e extremamente directo nos controlos, o helicóptero da Hughes revelou-se uma soberba peça de engenharia aeronáutica e um autêntico deleite de pilotagem.  Segundo os pilotos do Exército Americano que transitaram da anterior geração de helicópteros com motores de pistão (mais pesados e lentos) foi como passar de uma “banheira” Cadillac para um Porsche!


Dizia-se no Vietname que as tripulações de reconhecimento tinham tomates do tamanho de bolas de basquete mas cérebros do tamanho de ervilhas.  Não era para menos.  Ao contrário da maioria dos pilotos, as tripulações de helis de reconhecimento viam o inimigo olhos nos olhos.  Voavam a poucos metros do solo, á procura de pequenos sinais como pegadas, fogueiras ou algum objecto estranho.  Faziam-no logo acima da copa das árvores ou até, por baixo delas!  Quando encontravam o inimigo o procedimento padrão era marcar o alvo com uma granada de fumo e pedir um ataque de artilharia ou a ajuda dos gunships “Cobra” mas, com o inimigo a poucos metros de distância, o contacto violento era muitas inevitável e violento.  Mas a melhor forma de conhecer mais sobre as missões e experiências destas tripulações, e dos seus “Loach”, é ouvir da boca dos próprios.  O piloto Tom Pearcy recorda como numa das suas primeiras missões no Vietname a bordo do “Loach” as coisas não correram como o planeado…

Um dos primeiros OH-6A a chegar ao Vietname, neste caso o S/N 65-12925, o décimo da linha de montagem.  Também um dos primeiros a ser equipado com a Minigun XM27 no lado esquerdo da fuselagem.  As tripulações de reconhecimento pagaram um preço elevado em tripulações e helicópteros.  Segundo o DoD foram perdidos 4867 helicópteros no Sudeste Asiático entre Janeiro de 1962 e Março de 1973.  A maioria eram, obviamente, “Hueys” mas, em termos proporcionais, os “Loach” sofreram o maior número de baixas; dos 1419 produzidos, 842 foram perdidos na guerra.


“O meu código era “Blue Ghost 18” e, junto com um UH-1C “Huey” gunship (pilotado pelo Greg e pelo Owens), tínhamos de averiguar uma base inimiga numa pequena aldeia.  O terreno era composto por colinas cobertas com árvores altas e espessas e periodicamente surgiam pequenas clareiras e arrozais.  Quando chegamos á aldeia notei algo que já tinha ouvido falar várias vezes mas nunca visto pessoalmente; tocas de aranha (spyder holes).  Vi quatro ou cinco ao longo de um trilho rumo á aldeia.  Chamei a atenção do meu artilheiro, o Ed Gay, e voltei para trás para ver melhor.  Quando me aproximei, as coberturas dos buracos foram pelos ares e saíram de lá vários indivíduos a disparar com AK-47s e espingardas de ferrolho!  Claro que a vinha voz subiu várias oitavas quando gritei; “Estão a disparar contra nós!”.  O Ed ficou tão exaltado que atirou uma granada de fumo sem tirar a cavilha.  O Greg perguntou pelo rádio de onde vinham os disparos e eu respondi; “Ali atrás! Ali atrás!”, sem lhe dar indicações nenhumas de direcção.  Fiz nova curva de 180º e dirigi-me á área para a marcar com fumo, e desta vez executei alguns ziguezagues, mas voltamos a ser atingidos algumas vezes.  A minha voz subiu mais seis oitavas mas conseguimos lançar a granada de fumo no alvo.  Enquanto o Greg lançava foguetes de 70mm eu transmitia-lhe as correcções necessárias; “um pouco mais á esquerda”, “50 metros mais á frente”.  A seguir ouvi o Ed com uma voz trémula; “Sir…Sir…uh…árvore!!”  Olhei para a frente e vi a maior árvore imaginável mesmo em frente ao meu nariz!  Virei á esquerda com toda a força e falhei a árvore por meros centímetros (na realidade seriam 1 ou 2 metros).  Mas isto tudo fazia parte do plano VC, porque aquela árvore estava armadilhada com minas claymore, ou algo parecido.  A explosão arrancou a cauda e o rotor traseiro, o motor começou a fazer uma chiadeira terrível e parou logo a seguir.  Voei por mais uns 50 metros e senti que o controlo do helicóptero estava a fugir-me rapidamente.  As palavras do meu instructor vieram-me á mente; “Há sempre lugar para aterrar um helicóptero numa emergência”.  Ah é, sabichão?  Então onde vou aterrar no meio deste arvoredo todo?  Acabei por fazer uma auto-rotação a velocidade zero e nivelei no topo das árvores.  Caímos uns 9-12 metros por entre a folhagem e acabamos invertidos com as pás do rotor a cortar uma espécie de clareira.  Desliguei o sistema eléctrico e saímos do “Loach” apenas com as nossas armas e algumas granadas de fumo.  Lembro-me de ver os meus dedos ensanguentados, o meu co-piloto tinha as calças molhadas e o artilheiro sofreu uns arranhões na cara, cortesia da sua metralhadora M60.  Por isso, nada de grave.  Depois descobrimos que as granadas de fumo eram todos de cor verde - não iriam servir de muito no meio daquela vegetação.  Mas o Greg, mesmo assim, encontrou-nos sem grande problema e algum tempo depois ouvimos um veículo blindado de transporte de tropas M113 que nos recolheu.  O “Loach” foi mais tarde recolhido e reparado.”   

Os engenheiros da Hughes fizeram um trabalho notável no design do Cayuse.  A colocação do motor (neste caso, uma turbina Allison T-63 de 250cv de potência e apenas 62kg de peso!) num ângulo de 42º permitiu economizar muito espaço com a vantagem adicional de tornar o acesso mais fácil para manutenção.  A lendária robustez e “sobrevivência” do helicóptero também muito deve á localização da turbina.  Conforme o diagrama, a turbina, caso de solte numa queda ou aterragem de emergência, não atinge a tripulação.  O cubo do rotor e a transmissão também estão montados acima da antepara principal, o que aumenta a rigidez da estrutura.  Em helicópteros como o famoso “Huey”, as turbinas, transmissão e cubo estão montados directamente acima da cabina e facilmente esmagam a tripulação numa crash-landing.  Outro problema da montagem “alta” destes componentes é o elevar do centro de gravidade e, num impacto frontal, o peso vai forçar e enterrar o cockpit contra o obstáculo.  Dizia-se no Vietname que; “se tiveres mesmo de te despenhar num helicóptero, que seja num Loach”…

Texto e seleção de imagens: Icterio
Edição: Pássaro de Ferro




quinta-feira, 7 de março de 2024

"LOBOS" EM CABO VERDE E SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE [M2473 – 18/2024]

P-3C CUP+ Orion da Esquadra 601 - "Lobos" da Força Aérea Portuguesa
 

A Força Aérea divulgou em nota de imprensa, a missão internacional de um P-3C CUP+ da Esquadra 601 - Lobos, de manutenção da segurança marítima no Golfo da Guiné.

Trata-se de uma missão de cooperação bilateral com São Tomé e Príncipe e Cabo Verde, que contempla o programa "AMLEP – Africa Maritime Law Enforcement Partnership".

O destacamento dos "Lobos" irá decorrer a partir do Aeroporto Nuno Xavier, em São Tomé e Príncipe, e  do Aeroporto Internacional Nelson Mandela, na Praia, Cabo Verde, para realizar vigilância e fiscalização da Zona Económica Exclusiva destes dois países insulares, membros da CPLP.

Cerimónia de entrega do Estandarte Nacional pelo General CA ao Cdt da Esquadra 601   Foto: FAP

Antes da partida para a missão, no dia 29 de fevereiro, os militares que integram aquela Força Nacional Destacada receberam o Estandarte Nacional, numa cerimónia presidida pelo Comandante Aéreo, Tenente-General António Branco, que se realizou em 22 de fevereiro.

A cerimónia de entrega do Estandarte Nacional à Força Nacional Destacada, decorreu na Base Aérea nº11 em Beja, no dia 22 de fevereiro, com a presença do Comandante Aéreo, Tenente-General António Branco.



A DEFESA SEM DEFESA [M2472 – 17/2024]

Imagem de arquivo, de um calendário de bolso da Marinha Portuguesa em que são visíveis duas fragatas da Classe João Belo (a F481, Hermenegildo Capelo e, atrás, a própria João Belo, F480); a corveta F486 - Batista de Andrade e o navio reabastecedor São Gabriel - A5206.


Na véspera de umas eleições de importância vital para o futuro do país, através de uma análise aos discursos, aos debates e aos mil e um comentários a ambos percebe-se, sem particular esforço, que os assuntos relativos à defesa ou não foram abordados ou, quando o foram, isso aconteceu de forma superficial e sem um fio condutor que perspetive uma política com cabeça, tronco e membros, acompanhada de uma visão agregadora e de futuro no que toca à defesa nacional e, também, à defesa da Europa. O mesmo raciocínio se aplica às alterações em curso e previsíveis na geoestratégia no espaço europeu e, não menos importante, tentar agir por antecipação, ao que pode vir do lado de lá do Atlântico a partir de novembro, sobretudo se, como já aludimos, na Casa Branca mudar o penteado e a cor de cabelo do seu principal responsável.
Os partidos, pelo que se vê, não consideram estas matérias suficientemente importantes para as colocar nas suas “agendas” ou, pior do que isso, não produzem pensamento relativamente a estes assuntos, sejam quais forem as razões para tal, sendo que são todas elas obviamente preocupantes.
No final desta contabilidade em somatório de zeros, ficam apenas sombras relativamente ao futuro da defesa nacional e por acrescento, à defesa da Europa. 
No resultado a certeza de que a Europa como espaço pacificado e livre de conflitos foi um sonho que terminou e que urge redefinir com base em novas premissas e objetivos.
Convém acordar e agir. Ontem já era tarde.

quarta-feira, 6 de março de 2024

FORÇA AÉREA PRESENTE NA QUALIFICA 2024 NA EXPONOR [M2471 – 16/2024]

O F-16AM de exibição da Força Aérea, que poderá ser visto na Exponor entre 6 e 9 de março

 A Força Aérea Portuguesa está presente na Feira de Educação, Formação, Juventude e Emprego -Qualifica 2024, na Exponor, no Porto, entre os dias 6 e 9 de março.

Em exposição vai estar um caça F-16M, sendo também possível experimentar simuladores de voo, óculos de realidade virtual, além de demonstrações cinotécnicas e de inativação de engenhos explosivos, entre outras atividades.

Esta é já a 15.º edição da montra de educação e emprego do norte do país e os visitantes vão poder contactar diretamente com a Força Aérea e as várias especialidades para as quais há concurso de admissão.

Através da presença na Qualifica, a Força Aérea dá a conhecer as possibilidades de formação e ingresso disponíveis, além de esclarecer dúvidas que os potenciais candidatos possam ter, junto de uma equipa de militares do ramo aéreo das Forças Armadas Portuguesas. 

Também integrado nas iniciativas de divulgação das carreiras que tem para oferecer, a Força Aérea irá abrir as portas à Academia da Força Aérea em Sintra, no dia 5 de abril.






sexta-feira, 1 de março de 2024

SEGUNDO P-3 EX-MARINHA ALEMÃ CHEGOU A BEJA [M2470 – 15/2024]

A chegada à BA11    Foto: FAP

A Força Aérea Portuguesa revelou em nota de imprensa a chegada hoje, 1 de Março de 2024, do segundo de seis aviões de patrulhamento marítimo P-3C Orion, adquiridos à República Federal da Alemanha.

O avião, que envergou a matrícula 60+06 na Marinha alemã, aterrou por volta do meio dia na Base Aérea nº11 em Beja, já com a matrícula portuguesa 24815.

A rota percorrida desde Nordholz no voo de entrega hoje, 1 de março de 2024   Imagem ADSB Exchange

Segundo adiantou a Força Aérea, o voo ferry deste segundo avião, duas semanas após a chegada do primeiro, "é reflexo do extraordinário empenho e estreita colaboração entre a Manutenção e as Operações da Esquadra 601, a Gestão do Sistema de Armas P-3C, a Autoridade Aeronáutica Nacional e a Marinha Alemã, fundamentais à conclusão com sucesso desta desafiante etapa deste projeto de transferência".

Foto: João Calado

Foto: João Calado

Foto: João Calado

Para o aprontamento das aeronaves foram destacadas equipas na Base Aérea Naval de Nordholz, nos meses de dezembro de 2023 e fevereiro de 2024.

O habitual batismo à chegada     Foto: FAP

Recorde-se que estes aviões foram adquiridos ao abrigo do contrato celebrado entre o Governo português e o Governo alemão, que contempla todo o inventário da frota P-3C disponibilizado pela República Federal da Alemanha constituído por seis aeronaves; conjuntos Mid-Life Upgrade (MLU); sobresselentes; equipamentos de apoio e bancadas de teste; bem como os simuladores de voo e de procedimentos táticos.







quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

A FUTURA PLATAFORMA NAVAL MULTIFUNCIONAL DA MARINHA PORTUGUESA (com vídeo) [M2469 – 14/2024]

Ilustração do futuro NRP D. João II da Marinha Portuguesa          Ilustração: Damen

Os estaleiros navais Damen, nos Países Baixos revelaram recentemente no sitio de internet da empresa, mais detalhes sobre a nova classe de navio (Multi-Purpose Support Ship -MPSS), que irá equipar a Marinha Portuguesa a partir de 2026.

O contrato para o navio, que irá ser designado NRP D. João II e será financiado através de fundos do PRR, foi assinado em Novembro de 2023, com entrega prevista para 2026. Está a ser codesenvolvido pela Damen, segundo o conceito da Marinha Portuguesa, que será o cliente de lançamento. 

Trata-se de uma solução para o uso crescente da tecnologia de drones em combate e vigilância. Além da sua função principal, o MPSS está ainda projetado para cumprir uma ampla gama de tarefas adicionais, incluindo funções auxiliares.

A Damen já iniciou a construção do navio português, que deslocará 7000 ton, mas irá disponibilizar também uma versão maior de 9000 ton. a futuros clientes. O MPSS 7000 tem dimensões de 107 x 20 metros, enquanto o MPSS 9000 medirá 130 x 20 metros e terá logicamente capacidade acrescida para missões.

MPSS 7000 (esq) e 9000 (dir)      Ilustração: Damen

Prevê-se que o D. João II necessitará de uma tripulação de 48 tripulantes, com instalações adicionais para até 100 pessoas e acomodação temporária extra para 42 pessoas, por exemplo no caso de operação de socorro em catástrofes naturais. 

Ilustração: Damen
Segundo a Damen, o equipamento elétrico, de comunicação e navegação instalado no MPSS será de classe militar, mas irão ser usadas também soluções padronizadas de tecnologia comercial pronta para uso, sempre que possível. Isto inclui, por exemplo, os módulos de equipamento específicos para a missão, que permitem ao navio a sua capacidade multifuncional. Quando não for necessário desempenhar a função principal, o MPSS pode ser adaptado para uma ampla gama de tarefas, incluindo gestão de drones (ar, mar e submarinos), apoio anfíbio, socorro em emergências / desastres, busca e salvamento, apoio de mergulho, realização de operações de resgate de submarinos e operações de helicópteros. 

Ilustração: Damen

O conceito modular do projeto, permite ao navio ser utilizado durante todo o ano e também uma manutenção mais fácil, além de maior rapidez na construção. A classe MPSS poderá permanecer no mar por períodos de pelo menos 45 dias, pelo que todos estes fatores contribuirão para o valor geral do navio, com o aumento significativo do tempo de atividade operacional.

Piet van Rooij, gerente comercial do departamento de defesa e segurança da Damen, disse a propósito do novo navio: “A gama MPSS é uma resposta ao uso crescente da tecnologia de drones que vemos em situações modernas de combate e vigilância. Podemos ver que estas capacidades são de crescente importância para os países que querem manter a sua soberania. Ao mesmo tempo, este é um navio multiuso que pode ser utilizado numa ampla gama de operações adicionais, oferecendo valor pelo dinheiro dos contribuintes. Esse objetivo é ainda mais conseguido, usando tecnologia comercial pronta para uso, que garante uma construção económica, de uma plataforma fiável. Estamos ansiosos para mostrar este novo navio, inclusive em exposições, nos próximos meses.”

Vídeo


Para informação mais detalhada, recomendamos o extenso e completo artigo na Revista da Armada, que pode ser consultado no link abaixo:   https://www.marinha.pt/conteudos_externos/Revista_Armada/PDF/2024/RA_592.pdf





terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

PROGRAMA MLU DOS F-16 PORTUGUESES SÓ TERMINA EM 2026 [M2468 – 13/2024]

F-16 em fase de modernização

O programa de Mid Life Upgrade (modernização de meia vida) da frota F-16 da Força Aérea Portuguesa, irá estender-se até 2026, de acordo com Despacho do Ministério da Defesa, publicado hoje, 27 de Fevereiro de 2024, em Diário da República.

O referido documento reajusta o calendário dos encargos orçamentais com a venda do último lote de cinco F-16 MLU, por Portugal à Roménia, despesas essas em que está incluída a modernização para o padrão MLU das três células F-16 adicionais adquiridas aos EUA na condição Excess Defense Articles, para elevar a frota portuguesa ao número final de 28 caças pretendido.

O Despacho n.º 2150/2024 justifica o atraso de cerca de três anos, com constrangimentos relacionados com a pandemia COVID-19, entre outras decorrentes de trabalhos pendentes com a frota romena.

Recordamos que os trabalhos preparatórios das três células a modernizar decorreram na OGMA durante 2023



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