domingo, 17 de maio de 2009

AL-III E AS LIBELINHAS


Foto: José Jorge - Airliners.net

Quando era criança, tinha por costume acompanhar o meu pai, sobretudo no final da Primavera, início do Verão, nos trabalhos da horta, sobretudo na sua rega.
Junto dela, havia uma pequena barroca (um curso de água) que, pelo menos até finais de Maio tinha água suficiente para regar quase toda a propriedade.
Para isso, eu e o meu pai tínhamos que construir umas pequenas represas (feitas de lama e pedras sobrepostas) de onde saía um cano que levava a água até à zona cultivada.
Junto a esse curso de água, era muito frequente juntarem-se várias libelinhas e que em particular algumas se assemelhavam imenso (achava eu no meu infantil imaginário...) com os Alouette III da Força Aérea que eu já então conhecia.
Portanto, aqueles momentos junto à horta e à barroca estavam povoados de manobras aéreas. Deliciava-me e observava extasiado as piruetas e habilidades que aqueles insectos que faziam. Picadas para a água, rasavam o chão , subiam, outras vezes faziam voo estático, cruzavam-se umas com as outras, rodopiavam, pareciam autênticos helicópteros. E como eram cabeçudos, comparava-os, claro está aos Alouette.
Por isso é que gostar de aviões e de helicópteros é tão fácil, é tão humano e tão terreno, mesmo quando pelas suas asas ou rotores eles nos elevam nos céus.
O acto de voar, invejado das aves e insectos, é um acto de libertação.
Por isso, para uma criança, imaginar um Alouette numa libelinha e vice-versa é tão genuinamente natural.
Esta, como outras histórias que aqui já trouxe, explicam bem o porquê da minha paixão incondicional pelos aviões e de como num simples insecto se transforma o imaginário e se consubstancia o prazer do voo.

1 Comentários:

S7alker disse...

As libelinhas são criaturas fantásticas. Belas e terríveis para as suas minúsculas presas, não é incomum serem comparadas a helicópteros, cujas manobras imitam na perfeição, muito embora com mais rapidez e agilidade, e centenas de milhões de anos antes de o primeiro helicóptero se elevar nos céus.
Incrível como tanto fomos buscar à natureza, em saltos de imaginação que as crianças tão bem sabem fazer. Por isso, creio eu, dizem que devemos sempre manter uma criança dentro de nós, para alimentar a nossa imaginação, e a nossa capacidade de voar sem as asas de metal dos nosso engenhos.

Mas uma vez, belo post!

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